Entre desafios e oportunidades: como se preparar para um 2026 de crescimento sustentável

Por: Maria De Paoli

“Estamos chegando ao fim de 2025, após um ano marcado por desafios macroeconômicos persistentes e um ambiente de negócios exigente. No Brasil a combinação de juros elevados, crescimento econômico modesto e incertezas fiscais, exigiram das empresas uma gestão estratégica e resiliente, limitando os investimentos. 

Por outro lado, 2026 se aproxima com um cenário macroeconômico desafiador e marcado por projeções conservadoras de crescimento. O Banco Central e os principais bancos privados, projetam um crescimento de 1,5% do PIB em 2026, refletindo principalmente os efeitos da política monetária restritiva, com juros elevados que encarecem o custo do capital e desaceleração global, entre outros fatores.

Além disso, o país enfrenta uma elevada dívida pública e um déficit nominal significativo, o que pressiona o risco-país e dificulta a recuperação do grau de investimento. O ambiente político também adiciona incertezas, com a previsão de medidas populistas em um ano eleitoral. Soma-se a isso o início da implementação da reforma tributária, que, embora necessária, ainda levanta dúvidas e inseguranças entre profissionais e empresas quanto à sua aplicação prática.

Este é o panorama no qual gostaria de fazer algumas considerações, uma vez que estamos no momento de planejar o próximo ciclo de negócios, sempre equilibrando a pressão de resultados imediatos e a construção da base sólida para um crescimento sustentável em 2026. 

Para o último trimestre do ano, tentando equilibrar a pressão de resultados e as dificuldades atuais, de forma geral, recomendo focar na gestão de “quick wins”, uma abordagem Lean que se concentra em pequenas melhorias, reduzindo desperdícios e gerando resultados financeiros significativos em um pequeno espaço de tempo. A formação de grupos multidisciplinares para avaliar oportunidades é uma prática inclusiva que fortalece a cultura organizacional, promovendo senso de pertencimento e reconhecimento entre os colaboradores. Olhando para 2026, uma prioridade estratégica deve ser o investimento na capacitação de líderes com perfil adaptável, visão sistêmica e abordagem humanizada — capazes de navegar em cenários complexos, inspirar suas equipes e impulsionar a transformação com consistência.

Dado o cenário atual, a seletividade dos projetos de investimentos é primordial. É recomendado a construção de análises de viabilidade econômica considerando diversos cenários, diminuindo assim riscos indesejados que poderiam ter sido abordados antecipadamente. A resiliência de cenários adversos prioriza projetos que se sustentam mesmo com juros altos e crescimento baixo.

De forma estratégica, os projetos de investimento devem sempre considerar alinhamento de prioridades de ESG, compliance, transformação digital e fontes de geração de caixa.

A transformação digital deve ocupar um papel central na agenda estratégica, especialmente com a incorporação da inteligência artificial. Esse avanço precisa vir acompanhado de uma abordagem robusta de cibersegurança, adequada às especificidades de cada negócio. Além disso, será essencial garantir agilidade e eficácia para acompanhar as mudanças tributárias previstas para 2026 — incluindo a implementação da reforma tributária, nova regra do imposto de renda e outras medidas regulatórias que ainda estão por vir.

É fundamental reconhecer que enfrentaremos situações ambíguas e indefinidas, o que naturalmente coloca as pessoas em estado de maior vulnerabilidade emocional. Neste contexto, os líderes precisarão aplicar e desenvolver habilidades como adaptabilidade, comunicação eficaz, resiliência e tolerância à pressão. Mais do que nunca, será essencial exercer uma liderança próxima, colaborativa e com escuta ativa. Esse cuidado será decisivo para fortalecer a empatia, preservar a saúde mental e consolidar uma cultura organizacional mais humana e sustentável. 

Podemos e devemos apoiar o desenvolvimento de pessoas, assegurando que todos os colaboradores compreendam seu papel na execução, promovendo engajamento e reduzindo resistência.  

Espero ter oferecido reflexões e perspectivas que possam enriquecer e inspirar o olhar estratégico de cada realidade, pessoal ou corporativa.”

Maria De Paoli é Mentora Learn to Fly e Diretora Financeira & Administrativa com mais de 30 anos de experiência em multinacionais como Catalent, PPG, Eaton e Mars. Economista com MBAs pela PUC-RJ e Coppead-UFRJ, é também coach e terapeuta cognitivo-comportamental. Apaixonada por desenvolver pessoas, acredita que a liderança financeira vai muito além dos números; é sobre inspirar times, tomar decisões com propósito e construir resultados sustentáveis.

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