Liderar é transformar: como a formação de líderes impulsiona empresas em momentos de transição

Se Peter Drucker notoriamente afirmou que “Cultura engole estratégia” (ou “Cultura come estratégia no café da manhã”, se você quiser ser mais literal na tradução), Daniel Szlak expressa seu ponto de vista de forma mais moderada e positiva: “A cultura sempre suporta o desafio do negócio.”

Desafio é o que, no momento, não lhe falta. Com mais de 17 anos de experiência em finanças e passagens por empresas como Kraft Heinz e ComBio, Szlak construiu uma carreira marcada por crescimento acelerado e eficiência em mercados globais. Hoje, lidera a Sabesp em um dos momentos mais desafiadores de sua história, à frente de um plano de investimentos de R$70 bilhões e do processo de privatização, buscando equilibrar disciplina financeira, sustentabilidade e resultados para a empresa e a sociedade.

Como bem destacou Warren Bennis, “A liderança é a capacidade de traduzir uma visão em realidade.” Com uma visão ambiciosa diante dele, Daniel Szlak em conversa com a Learn to Fly ressaltou a importância da mentoria (tanto a mais estruturada quanto a espontânea do dia-a-dia), “Eu tive muita sorte na minha carreira em relação à isso… eu sempre tive muitos bons mentores.”

Em momentos de transição, o impacto que a mentoria e que a formação de liderança tem se torna ainda mais determinante, pois é o líder quem dá clareza de direção em meio à incerteza. Nesse processo, a mentoria exerce papel central: ela permite que líderes ampliem seu repertório, validem decisões críticas com base em experiências anteriores e fortaleçam sua confiança para inspirar os times em situações de alta pressão.

Grandes transições corporativas, como as que a Sabesp tem vivenciado, colocam líderes diante de dilemas que testam tanto sua visão estratégica quanto sua capacidade de gestão humana. Entre os principais desafios, destacam-se:

Gerir a incerteza: mudanças de grande porte geram cenários imprevisíveis; o líder precisa manter clareza de propósito mesmo quando as respostas ainda não estão disponíveis.

Equilibrar interesses múltiplos: acionistas, sociedade, colaboradores, governo e clientes podem ter expectativas divergentes, exigindo habilidade política e comunicação transparente.

Sustentar a cultura organizacional: em meio a transformações, há risco de fragmentação cultural; cabe ao líder reforçar valores e traduzir a identidade da empresa para o novo contexto.

Garantir engajamento e confiança: equipes tendem a sentir ansiedade e resistência; liderança eficaz precisa inspirar segurança e criar pertencimento.

Tomar decisões sob pressão: em ambientes de transição, decisões precisam ser rápidas, mas sem abrir mão da responsabilidade e da análise de impacto no longo prazo.

Conciliar inovação e disciplina: transições pedem abertura a novas práticas, mas também rigor operacional para que a execução não se perca no caminho.

De acordo com uma pesquisa da Deloitte (2023), 79% das organizações afirmam que o desenvolvimento de líderes é uma prioridade urgente, mas apenas 10% se consideram eficazes em preparar líderes para enfrentar novos contextos. Essa lacuna evidencia a importância da mentoria estruturada: ao oferecer feedback direcionado, orientação estratégica e exemplos práticos, mentores ajudam a transformar gestores promissores em líderes capazes de sustentar mudanças organizacionais profundas.

Como ressalta Bill George em True North, “Os momentos de maior teste para um líder são justamente aqueles de maior adversidade”. Nesses períodos, contar com a mentoria não é um luxo, mas uma necessidade. É através dela que líderes encontram suporte emocional e estratégico para alinhar propósito, valores e resultados, garantindo não apenas a sobrevivência da organização, mas também o engajamento das pessoas que a compõem. Em transições, a diferença entre avançar com resiliência ou perder o rumo quase sempre passa pela qualidade da liderança e a mentoria é uma das ferramentas mais poderosas para elevá-la.

Hoje, Szlak mostra que a liderança se fortalece tanto ao aprender quanto ao compartilhar conhecimento. Ele próprio reconhece o valor de estar em constante processo de desenvolvimento, sendo mentorado para ampliar suas perspectivas e refinar suas decisões e, ao mesmo tempo, coloca sua experiência a serviço de outros líderes e profissionais, pois, como costuma dizer, “Quem ensina aprende duas vezes”. É nesse movimento de troca, de receber e oferecer, que o líder pode encontrar uma das maiores fontes de crescimento, reafirmando a mentoria como via de mão dupla que transforma tanto quem guia quanto quem é guiado.

Em um cenário em que 77% das empresas relatam falta de líderes preparados para enfrentar desafios futuros (Deloitte, 2023), a mentoria surge não apenas como um diferencial, mas como um imperativo estratégico. Um estudo da Harvard Business Review mostra que 84% dos CEOs que passaram por programas de mentoria afirmam que isso os ajudou a evitar erros críticos em momentos de decisão. Já a McKinsey aponta que organizações com líderes bem desenvolvidos são até 2,4 vezes mais propensas a superar metas de desempenho em períodos de transição. Além disso, pesquisas da Association for Talent Development (ATD) indicam que programas de mentoria estruturados podem aumentar em até 30% a retenção de talentos e acelerar de forma significativa o desenvolvimento de competências críticas. 

Formar líderes preparados para conduzir grandes transformações é um investimento de longo prazo e esse investimento começa muito antes de uma posição de gestão. Assim como Daniel Szlak, que iniciou sua trajetória em um programa de trainee, é nessa fase que muitos profissionais aprendem a traduzir desafios em oportunidades, a conectar propósito e resultado e a desenvolver a mentalidade que sustenta a liderança no futuro.

Programas de trainee bem estruturados são verdadeiros laboratórios de liderança: combinam aprendizado prático, imersão cultural e acompanhamento próximo de mentores experientes. É nesse ambiente que surgem líderes capazes de navegar por cenários complexos, promover inovação e inspirar pessoas a crescerem junto com a organização.

Na Learn to Fly, acreditamos que grandes transformações começam pela formação de líderes e que programas de desenvolvimento, sustentados pela mentoria, são a base para criar empresas mais humanas, resilientes e visionárias.


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